quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A Espada Era a Lei - Sinopse e Parte I


* Ledora: Anair Campos


Sinopse


Um jovem garoto desajeitado, protegido e aprendiz do Mago Merlin, ouve dizer que aquele que conseguisse retirar uma espada mágica de uma pedra, seria declarado Rei da Inglaterra, e resolve aceitar o desafio, o que provoca risos dos outros interessados. Mas para surpresa de todos, o garoto obtêm êxito tornando-se o lendário Rei Arthur.

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NOTAS:

1. A expressão "Xiii" nesta transcrição foi substituída por "Chii" porque o Dosvox fala a primeira como se fosse o número 13;

2. Os quadros são numerados por capítulos, por isso sempre iniciam-se com "Q1".

Boa leitura!

Luís Campos (Blind Joker)

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Q1. Vê-se um castelo no alto de uma colina, uma árvore seca e alguns cavaleiros vestidos em armaduras e montados em seus belos cavalos chegando ao castelo. Vê-se também outras pessoas em trajes normais da época.

N: Muitos anos atrás, quando a Inglaterra era jovem e os
cavaleiros eram valentes e ousados, um bondoso rei havia falecido...
Ninguém pudera decidir quem seria o herdeiro legal do trono!
Parecia que o país seria sacudido pela guerra ou salvo somente por um milagre...

Q2. Vê-se árvores, uma capela, pessoas à porta desta e ao lado uma enorme pedra tendo uma bigorna sobre ela, com uma espada fincada nesta bigorna.

N: E esse milagre surgiu na cidade de Londres...
Uma resplandecente espada cravada numa bigorna sobre uma grande pedra!
Abaixo da empunhadura da espada, havia estas palavras inscritas em letras de ouro: "Aquele que tirar esta espada da pedra e da bigorna será, por direito, Rei da Inglaterra!"

Q3. Um homenzarrão tenta arrancar a espada da bigorna, sendo observado por alguns guardas do castelo e transeuntes.

N: Contudo, embora muitos tentassem com todas as suas forças, ninguém conseguiu sequer mover a espada!

Q4. Vê-se folhas secas pelo chão, a pedra com a espada e o castelo ao fundo. Não há pessoas neste quadro.

N: E assim, o milagre não aconteceu e a Inglaterra continuou
sem rei! Com o tempo, a maravilhosa espada foi esquecida!

Q5. Um homem num cavalo em disparada, olha para trás assustado, pois é perseguido por dois outros cavaleiros com as espadas na mão. Eles cavalgam numa estrada ladeada por árvores.

N: Iniciou-se uma era negra, sem lei nem ordem! Os homens
viviam uns temendo os outros... e os fortes exploravam os fracos...

Q6. De uma cabana entre algumas árvores sai um homem idoso, de longa barba branca que caminha em direção a um poço.

N: Exceto um homem, um mago chamado Merlin, que vivia nas profundezas da mais sombria floresta da Inglaterra...

Q7. Merlin, com ar cansado, chega no poço e joga o balde lá dentro. Ao fundo vê-se sua cabana e alguns arbustos diante desta.

Merlin - Arre! Idade das trevas, pois sim! Idade da inconveniência, isso sim!

Q8. Merlin carrega o balde e vai caminhando em direção à cabana.

Merlin - Sem encanamentos! Sem eletricidade! Sem coisa alguma!

Q9. Quando Merlin está próximo à cabana, com o balde cheio de água na mão, embaraça uma das pernas na corda que prende o balde e quase leva uma queda. Derrama um pouco de água no chão, mas consegue manter-se
em pé, após livrar-se da corda. Ao fundo vê-se algumas árvores.

Merlin - Upa!

Q10. Merlin está abrindo a porta da cabana.

Merlin - Raios! Tudo não passa de uma grande confusão medieval!

Q11. Merlin está dentro da cabana enchendo uma chaleira que está sobre um fogão de lenha. Acima deste vê-se uma chaminé de pedras. No centro da sala há uma mesa com três xícaras sobre esta e duas cadeiras. Pendurada na parede há uma casinha e próximo à mesa vê-se um poleiro e uma coruja sobre este. A um canto da sala vê-se uma outra mesa com alguns apetrechos de química e magia.

Merlin - Hummm! Deixe ver! Onde estava eu? Ah, sim!
Ele deverá estar aqui dentro de... hummm...meia hora!

Arquimedes (Batendo as asas)- Quem? De quem está falando?!

Merlin - Já lhe disse, Arquimedes, não sei seu nome! Só sei que alguém muito importante vai aparecer aqui para o chá! O destino o guiará até mim para que eu o oriente para o seu verdadeiro lugar no mundo!

Arquimedes - Você diz que ele chegará dentro de meia hora?
Tem certeza?

Merlin - Claro! E ele virá por este telhado que nos cobre!

Q12. Arquimedes voa do poleiro que está sobre a mesa para sua casinha pendurada na parede. Merlin está sentado à mesa.

Arquimedes (Assustado) - P-pelo telhado?

Merlin - Sim, Senhor!

Q13. Merlin continua sentado e fuma um cachimbo. A coruja também continua na casinha.

Arquimedes - Imagino que também saiba qual é a cara dele!

Merlin - Decerto! Vou lhe mostrar, meu cético amiguinho!
Ele será um menino, de uns onze ou doze anos de idade!

Q14. Arquimedes volta ao poleiro que está sobre a mesa.
Merlin, ainda sentado, diz algumas palavras mágicas e vê-se sobre sua cabeça a imagem de um homem com um arco na mão e um alforje de flechas ao ombro e um castelo ao fundo. A coruja, com cara de espanto, fica olhando a imagem que se formou.

Merlin -Hoko Póko!
Ponham o rapaz em foco!

Q15. Vê-se a imagem do homem mais nítida e Merlin olha admirado.

Merlin - Ora, esse... não! Não pode ser esse! Esse rapagão deve ter uns vinte anos!

Q16. Na imagem formada sobre a cabeça de Merlin vê-se a figura de um rapaz magrelo.

Merlin - Espere! Ali está ele! Oh-Oh!
Um garoto magriço de doze anos!

Q17. Vê-se na imagem o menino correndo aos pulos por uma estradinha.

Arquimedes - E onde acha que ele se encontra neste momento?

Merlin - Oh-Oh! É um verdadeiro gafanhoto! Veja como ele salta!

Q18. Vê-se o homem com o arco na mão com um pé sobre uma pedra e atrás deste o menino saltitando. Ao fundo vê-se uma árvore quase seca.

Merlin - Não estou fazendo suposições, Arquimedes! Sei onde ele está! A menos de um quilometro daqui, logo além da floresta!

Q19. Vê-se o homem andando e o menino sobre a árvore.

Kay - Quieto, Verruga!

Verruga - E-estou quieto, Kay!

Kay - Mesmo porque não pedi para você vir junto!
Aha! Lá está! Que alvo!

Q20. Vê-se um veado a alguma distância. Verruga está recostado ao tronco de uma árvore seca, sentado sobre um galho, com as pernas cruzadas. Vê-se Kay com o arco armado e apontando em direção ao animal.

Kay - Hoje à noite teremos veado ao jantar!
Atenção, agora!

Q21. Vê-se Verruga caído sobre Kay e o galho quebrado no chão. Com o tombo do Verruga sobre si, Kay dispara a flecha sem direção.

* CRRAC! TUMB! TÓIMM!

Verruga - Opa!

Kay - Seu trapalhão! Você me fez errar!

Verruga - D-desculpe, Kay! Foi sem querer!

Kay - Desculpe! Você vai ver uma coisa, quando eu o apanhar! Vou lhe torcer o pescoço, seu moleque!

Verruga - Oh não, Kay!

Q21. Verruga sai correndo e Kay corre atrás dele, mas tropeça numa pedra.

Verruga - Vou buscar sua flecha! Tenho certeza que posso achá-la!

Kay (Ao tropeçar) - Ugh!

Q22. Verruga entra na floresta e Kay fica parado olhando para ele.

Verruga - Deve estar aqui pelo mato!

Kay - Não me diga que você vai entrar aí! A floresta está cheia de lobos!

Verruga (Olhando para trás) - N-não tenho medo!

Kay - Pois bem, então vá! A pele é sua, não é minha!

Q23. Vê-se Verruga dentro da floresta e um lobo atrás dele, sem que ele o perceba. Verruga está segurando, diante de si, um galho flexível de uma pequena árvore.

Verruga - Acho que a flecha veio parar aqui! Não pode ter ido mais longe!

Q24. Verruga passa por baixo do galho e o solta. O galho atinge o lobo e o joga contra uma árvore. Verruga não percebe o que aconteceu.

* VUPT! SCRAMB!

Lobo (Vendo estrelinhas) - Ugh!

Verruga - Deve estar por aqui!

Q25. Vê-se Verruga andando e o lobo atrás dele lambendo os beiços. Verruga continua sem percebê-lo.

Lobo - Hummm!

Verruga - A flecha tem que estar por aqui! Deve ter ficado presa em alguma árvore!

Q26. Vê-se a flecha presa num galho que está sobre o telhado da cabana de Merlin.

Verruga - Lá está ela! Eu sabia que ia encontrá-la! Eu sabia!

Q27. Verruga sobe na árvore e o lobo, por centímetros, não morde sua perna. Ele nada percebe.

Lobo - Nhac!

Verruga - Talvez agora o Kay não fique tão zangado comigo!

Q28. Verruga está sobre um galho da árvore tentando pegar a flecha que está em um outro galho.

Verruga - Será que posso alcançá-la?

Q29. O galho que Verruga está se quebra e ele cai sobre o telhado da cabana do Merlin.

* CRAC!

Verruga - E-epa! Aaaai!

Q30. Verruga cai sobre o telhado da cabana e este se quebra com seu peso.

* VAP!

Verruga - Uuuui!

Q31. Verruga cai sentado numa das cadeiras dentro da cabana, deixando um grande buraco no telhado e levantando uma nuvem de poeira.

* PANC!

Verruga (Suspirando) - UFA!

Q32. Vê-se Merlin sentado à mesa, Arquimedes no poleiro sobre esta e Verruga já aprumado na outra cadeira.

Merlin - Ora, ora! (COF) Afinal você apareceu mesmo para o chá! He, he!

Verruga - A-apareci?

Merlin - Mas está um pouco atrasado, sabe?

Verruga - E-estou?

Merlin (Levantando-se para pegar o chá) - Bem! Aham! Meu nome é Merlin! Como é o seu?

Verruga - Oh, meu nome é Arthur, mas todos me chamam de Verruga!

Merlin - Verruga? Humm!

Verruga (Olhando para Arquimedes) - Puxa, que coruja bem empalhada!

* FLAP FLAP

Arquimedes (Batendo as asas) - Empalhada? Ora essa!

Verruga - Ué! É viva e fala!

Arquimedes (Com as asas abertas) - Sim! E por certo falo bem melhor que você!

Q33. Arquimedes voa para sua casinha e Merlin serve o chá ao Verruga.

* HUMPF!

Merlin - Ora, vamos, Arquimedes! Quero que conheça o Verruga!

Q34. Verruga se levanta e coloca uma xícara com chá na casinha do Arquimedes. Merlin está de pé ao lado de Verruga em frente à casinha da coruja.

Verruga - Desculpe tê-lo chamado de empalhado...

Merlin - Você precisa perdoá-lo! Ele é um garoto ainda!

Arquimedes (Amuado) - Garoto? Garoto? Ah ah! Não vejo nenhum garoto!

Q34. Arquimedes pega a xícara, entra em sua casinha, fecha a porta e lá dentro bebe o chá que Verruga colocou para ele. Merlin e Verruga caminham em direção à mesa.

* BAH! VAP! BLAM! GLUB! GLUB! GLUB!

Merlin (Sorrindo) - EH, eh! Não ligue para ele! É um tanto nervoso!

Q35. Merlin e Verruga sentam-se à mesa. Merlin coloca chá para o menino. Ao fundo vê-se algumas estantes cheias de livros e a mesa com os apetrechos de química e magia.

Verruga - Como o Senhor sabia que...

Merlin - Que você ia aparecer por aqui?
Acontece que sou um mago! Um adivinho! Um vidente!
Tenho o poder de prever tudo!

Q36. A coruja está na porta da sua casinha, Merlin em pé e Verruga continua sentado.

Arquimedes - Tudo, Merlin?

Merlin - Bem... deixe-me ver... admito que eu não sabia exatamente quem viria para o chá... mas como você pode ver, previ a hora e o lugar exatos... ainda que eu não soubesse seu nome!

Verruga - Como o Senhor é inteligente!

Merlin - Bem, vejamos! Você teve algum estudo?

Verruga - Oh, sim! Estou treinando para ser escudeiro!
Estou aprendendo as regras de combate, da esgrima, dos torneios e da cavalaria...

Merlin - Não! Não! Não! Refiro-me a uma verdadeira educação!
Matemática, História, Biologia e Ciências Naturais!

Q37. Merlin pega alguns livros na estante e os coloca na mesa, diante do Verruga.

Merlin - Você não pode crescer sem uma educação decente! Por isso, vou ser o seu tutor!

Verruga - Mas eu preciso voltar ao castelo de Sir Heitor!
Ele é o meu protetor e deve estar precisando de mim na cozinha!

Merlin - Pois bem! Vamos fazer as malas e partir! Observe!
Você gostará disto!

Q38. Merlin coloca uma mala sobre um banco, pega sua varinha mágica e diz algumas palavras mágicas.

Merlin - Higitus figitus zumba visigodos!
Quero a atenção de vocês todos! Vamos fazer as malas!

Q39. Vê-se bule, xícaras, pires voando em direção à mala.

* VUP! ZUM! ZAP!

Merlin - Não! Não! Não!

Q40. Vê-se tudo que estava indo para a mala retornar à mesa. Merlin aponta a varinha mágica para os livros.

* ZAP! ZUM! VUP!

Merlin - Os livros sempre em primeiro lugar, você sabe!
Vão diminuindo de tamanho! Precisamos arranjar espaço para todos!

Q41. Os livros ficam pequenos e vão parar dentro da mala que se fecha. Arquimedes voa para o chapéu de Merlin.

* CLAPT!

Verruga - Puxa! Que modo de fazer as malas!

Merlin - Pois então, menino! Como é que você queria pôr toda aquela coisa numa só maletinha?

Q42. Com Arquimedes em seu chapéu, Merlin se encaminha para a porta da cabana, seguido por Verruga.

Verruga - Ah, mas eu achei formidável!

Merlin - Sim, é mais ou menos isso!
Mas não vá pensar que todos os seus problemas serão resolvidos com magia, porque não serão!

Verruga - Mas eu não tenho nenhum problema!

Merlin - Qual o quê! Todo mundo tem problemas!

Q43. Vê-se Os dois já fora da casa. Merlin, ao fechar a porta, prende a barba nesta.

* BLAM!

Merlin (Metendo o pé na porta para soltar sua barba) - Ui! Eu não lhe dizia? Este é o mal do nosso mundo de hoje!

* ZAP!

Q44. Eles caminham na floresta. Atrás deles, sem que percebam, vê-se o lobo lambendo os beiços.

Merlin - Todos vivem dando cabeçadas contra um muro de tijolos! Só usam os músculos no lugar da mente!

Q45. Eles estão atravessando um pequeno rio e o lobo continua seguindo os dois sem que estes o percebam. Verruga atravessa o rio pulando de pedra em pedra.

Merlin - Você precisa desenvolver sua mente! Aprender coisas mais elevadas é o que interessa!
Conhecimento, sabedoria... eis o verdadeiro poder!

Q46. Agora estão subindo uma colina e o lobo vem atrás.

Merlin - Por isso, a primeira coisa que faremos amanhã é começar! Você terá oito horas de estudo diário!

Verruga - Mas eu não tenho tempo! Tenho as minhas tarefas de pajem no castelo!

Merlin - Tarefas de pajem? Bah!
Mudaremos tudo isso!

Q47. Merlin tropeça numa pedra que se solta e desce a colina que eles subiam. Verruga, que caminhava um pouco atrás de Merlin, salta sobre a pedra e esta continua descendo a colina e provocando uma pequena avalanche.

Merlin - Upa!
Vamos sacudir a sua vida!

* BONC! BONC!

Verruga (Pulando sobre a pedra) - Sim, Senhor!

Q48. Merlin e Verruga estão quase no alto da colina. Ao fundo vê-se o lobo, que deu meia-volta, descendo a colina correndo com as pedras soltas descendo atrás de si. Merlin e Verruga nada percebem.

* BONC! BONC! BRRAM! PANC! BONC!

Merlin - Como espera chegar a ser algo na vida sem educação? Mesmo nestes rudes tempos medievais você precisa saber onde anda, não acha?

Verruga - Sim, Senhor!

Q49. Vê-se Merlin e Verruga no alto da colina e, lá embaixo, para não ser atingido pela avalanche de pedras, o lobo se joga no rio.

* TICHIBUM!

Merlin - Você precisa planejar para o futuro, menino!
Precisa achar uma direção!
Humm! Por falar nisso, em que direção fica seu castelo?

Verruga - Acho que é para o outro lado!

Merlin - Quê? Ah, sim, sim! Mas claro!
Bem, então é melhor irmos andando!

Q50. Vê-se Merlin e Verruga descendo a colina. Ao longe vê-se um castelo.

Merlin - Vamos, rapaz! Aperte o passo!
Precisamos chegar lá antes do escurecer!

Continua...

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